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Artigo | O trabalho remoto e a pandemia

Artigo | O trabalho remoto e a pandemia

O trabalho remoto exercido em situações emergentes, aplicado por imposições como a de uma pandemia, exatamente como a que boa parte do mundo está vivendo atualmente, não deve ser comparado com o trabalho remoto exercido de forma “normal”.

Isso porque são diversos fatores que vão alterar o funcionamento natural da atividade. Podemos começar pelo fato de existir uma quarentena que impossibilita viver de forma normal. Não é possível ao fim do dia sair de casa e ir a academia praticar esportes, assim como não é possível ir a um bar ou restaurante ou sair para encontrar com amigos e familiares. Os momentos de lazer e descanso estão limitados as pessoas que convivem com você na mesma residência, atrelados aos recursos que existem na sua casa e aos acessos que você tem disponível.

Isto é, sem comentar o fato de que muitos iniciaram a jornada laboral remota sem nenhum tipo de preparo estrutural, comportamental ou emocional. Simplesmente da noite para o dia receberam o comunicado que “a partir de agora migraremos para a forma remota de trabalho”, ao mesmo tempo que descobriram que os filhos também não teriam aulas e ficariam todos dentro de casa tendo que se adaptar a esta nova realidade totalmente desconhecida e sem prazo concreto para o finalizar.

De repente toda a rotina de vida foi alterada, uma série de limitações foram impostas e o motivo de tudo isso é um vírus que tem levado milhares de pessoas a morte em diversos países, principalmente aqueles grandes e poderosos em que sempre nos espelhamos. Isso significa que o fator medo, pânico e ambiente de muita incerteza faz com que muitas pessoas não consigam fluir normalmente no seu dia a dia.

São diversas famílias vivendo enormes desafios diários, alguns causados por motivos financeiros de perda da fonte de renda, sem saber por onde começar a procurar outras opções em meio ao acúmulo de dívidas. Outros estão trabalhando, mas tiveram que fazer da sala de casa um escritório, dividindo entre os momentos de refeição e os momentos de reunião. Ou aquela cadeirinha da mesinha do quarto que era só para sentar por alguns minutos por dia, mas agora é a companheira de longas horas seguidas, fazendo a sua coluna se lembrar disso a noite toda. Existem os felizardos que já tinham um escritório bem adaptado em casa, mas para uma pessoa, e agora tem que fazer um rodízio ou agendamento de horários para compartilhar com os outros moradores.

Tem também os que estão enfrentando tudo isso e ainda tem o desafio de ser professor e técnicos dos próprios filhos, ao mesmo tempo que gerenciam uma casa e cuidam dos seus familiares queridos para manter a harmonia do lar e o equilíbrio em tudo. Estes pelo menos estão convivendo com outros seres humanos reais de carne e osso. Pois, existem também os que estão vivendo toda esta experiência de trabalho remoto em condições atípicas sozinho, passando dias, semanas e até meses sem ter contato pessoal com outra pessoa. Tendo como opção se manter ainda mais conectado para poder interagir com os outros.

Ou seja, são inúmeros diferentes contextos e arranjos de possibilidades que trabalhadores em diversos países estão vivendo neste momento. São fora do padrão normal, pegos de surpresa, em muitos casos sendo saturados emocionalmente. Para muitos esta foi a primeira experiência com o trabalho remoto e a cada desafio superado é uma vitória. Mas para outros esta forma de trabalho tem sido muito tóxica e a possibilidade de se estender por mais tempo é aterrorizante.

Independente de qual é a sua experiência com o trabalho remoto no momento, saiba que o que vivemos hoje não é um retrato real. Na verdade, depois que a pandemia passar ainda não se sabe exatamente como será a forma de trabalho, mas seja como for, não será como foi no passado e nem como esta no presente.

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